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O culto evangélico nos dias de hoje

O culto evangélico nos dias de hoje

Falar de culto evangélico hoje é aparentemente fácil, porque, visto de longe, a maioria das igrejas chamadas evangélicas parecem ter uma única forma de culto, mesmo com a diversidade de denominações existentes e espalhadas por todos os cantos do Brasil.

De forma generalista, pode-se dividir entre culto histórico (luterano, anglicano, presbiteriano, metodista, batista, etc.), pentecostal (Assembléia de Deus, Congregação Cristã, etc.) e neopentecostal (Igreja Universal, Renascer, etc.).

Sobre o culto como espetáculo, conforme Klein, tudo no culto midiático é abundante, por isso há grande apelo sensorial. Com este propósito, a iluminação é trabalhada, o som é forte e alto, muito bem preparado e trabalho, os gestos dos ministros de louvor e do pregador são abundantes, entre outras coisas. O grande objetivo é atrair e manter o público frequente e empolgado, para isso, as pessoas precisam gostar do que veem.

Teologia da adoração: Podemos pensar nos atos de adoração como uma manifestação quase que instintiva do ser humano frente a percepção da divindade. A dimensão divina ou aquilo que transcende o ser humano é representado das mais diferentes formas pelas muitas culturas, quer seja pelos astros, animais, imagens, forças da natureza, mitologias, etc. Tanto a arqueologia quanto a história são ricas em mostrar essa característica da religiosidade humana nas muitas sociedades que existiram em todos os continentes desde os seus primórdios. As manifestações de adoração nas religiões, normalmente, se dão por rituais que incluem atos como a oração, leitura, meditação, sacrifício, oferenda, música, canto, dança, magia, uso de objetos, etc. A expressão ritual é a manifestação visível da crença que se dá de maneira individual, mas, principalmente, coletiva. Ela, portanto, não abrange todo o espectro da adoração que considera também o elemento da fé e devoção pessoal de cunho íntimo. Uma pessoa pode expressar a sua adoração de diversas formas, mas é através dos rituais comunitários, já estabelecidos culturalmente, que ocorre o fortalecimento da religião na comunicação  de seus elementos comuns. Quando pensamos, então, em uma Teologia da Adoração o que pretendemos é investigar, a partir da revelação bíblica, qual é a natureza da adoração a Deus, entendido como Javé pela revelação do Antigo Testamento, e sua manifestação encarnada em Jesus Cristo. Nos interessamos em buscar as origens, os propósitos, motivação, conteúdos que lhe são próprios e ao mesmo tempo que se diferenciam dos outros tipos de adoração presentes nas culturas humanas.

Ainda que possamos investigar o que é a adoração e explicá-la teologicamente, os recursos que temos disponíveis, praticamente, nos limitam ao texto bíblico. Ao mesmo tempo, os textos bíblicos são mais claros e numerosos quando tratam da prática do culto em si e não do conceito de adoração. Toda teologia deveria ter por objetivo o louvor e reconhecimento a Deus, em outras palavras, a sua glória (doxa). Toda teologia, então, ainda que seja um discurso humano, deveria ser uma doxologia, uma vez que toda ação humana deve buscar a glória de Deus, conforme indica o apóstolo Paulo: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Coríntios 10:31).

Se entendermos a adoração como o resultado de um relacionamento amoroso entre o ser humano e Deus ela jamais poderá ser algo imposto. Caso haja uma imposição da parte de Deus para que ele seja adorado, a dimensão do relacionamento em amor será afetada. O amor perfeito não pode ser expresso por força de imposição. Ninguém pode ser obrigado a amar outra pessoa, ainda que possa aprender a fazê-lo ou a desenvolvê-lo, porém, sempre de maneira livre.

O entendimento de quem Deus é e do relacionamento que ele intenciona ter conosco é mais importante do que os ritos cultuais externos. De maneira simplificada poderíamos dizer que a adoração é uma atitude interna e o culto uma manifestação externa. Voltando agora a nossa atenção ao Novo Testamento e retomando o texto de João 4:23-24, encontramos a afirmação de que Deus requer que seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Esta passagem está em direta relação com o capítulo 3 quando Jesus dialoga com Nicodemus e explica a nova condição daqueles que nascem, de novo, do Espírito. Assim, a adoração que Deus espera é aquela que é consequência de uma nova relação, especial, que não tem mais a ver com a questão étnica judaica, nem tampouco com a religiosidade cultural praticada por aquele povo. Não se trata mais de uma simples prática ritualística e sim de uma atitude consciente da relação de carinho e proximidade estabelecida a partir do nascimento para uma nova realidade.